quarta-feira, 8 de junho de 2011

POR QUE PRESERVAR OS LIVROS?

Na medida em que as versões digitais se tornam disponíveis os livros estão sendo jogados fora ou às vezes guardados em locais distantes. Este é um momento importante para se planejar com cuidado porque há muita coisa em jogo. Esta é a síntese do artigo sobre as ações do projeto Internet Archive em prol da preservação dos livros impressos.
O texto completo do documento pode ser lido no URL:

II FORUM INTERNACIONAL DE BIBLIOTECONOMIA ESCOLAR

O “II Fórum Internacional de Biblioteconomia Escolar” e o “V Seminário Biblioteca Escolar: Espaço de Ação Pedagógica”, que acontecerão em São Paulo entre os dias 19 e 21 de outubro já estão com inscrições abertas. Organizado pelo Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo e pela Associação Internacional de Biblioteca Escolar, o evento analisará as mudanças no ambiente da educação e da escola, assim como reflexões sobre o papel do profissional que atua na biblioteca escolar. As palestras serão dadas por professores e bibliotecários de vários países, como Alemanha, Peru, Portugal e Brasil.
Maiores detalhes no URL: www.fibe2011.com.br

terça-feira, 7 de junho de 2011

DE QUEM É O PODER?

“Não se trata do que você sabe, e não se trata nem mesmo de quem você conhece. Trata-se do volume de conhecimento que você transmite. O acúmulo de conhecimento diminui seu poder”. David Weinberge

Acredito que não existiria frase melhor para começar as atividades por aqui. Durante toda a busca por conteúdo pra meu TCC, me deparava constantemente com a tal importância de o usuário ter o poder de criar, alterar e até apagar o que bem entendesse. A “força é das pessoas” como alguns autores dizem por ai. E é quando pergunto, quem gostava daquele tempo em que a única utilidade da internet era observar páginas estáticas, sem interação alguma? Pois bem, surge a nossa salvação, a tal Web 2.0, a era da construção do conhecimento coletivo.

Foi a partir do surgimento da Web 2.0 os usuários de internet se vêem diante de uma nova perspectiva, onde os próprios usuários geram e classificam a informação com participação direta. Hoje tantas ferramentas efetivam essa perspectivas, são as tão faladas Mídias Sociais (Orkut, Facebook, Twitter e tantas outras…).

O incrível é encontrar quem ainda ache que as informações contidas nesses ambientes não passam de meras e absurdas porções de nada. E ainda mais incrível é ver que pessoas que enxergam o potencial desses negócios estão ficando, como se pode dizer? Ah, ricas. Quem entende? Na verdade não queria falar dos fins lucrativos desses meios, foi só um comentário inoportuno. Minha intenção aqui é relatar a importância das Bibliotecas, Unidades de Informações e afins conseguirem entender que todo esse mundo também tem espaço para elas.

Divulgar serviços, produtos ou simplesmente manter seus usuário informados é de extrema importância. Lembro que lia algo na própria internet que dizia que Biblioteconomia era a arte de guardar livros, o bom é que o tempo passa, as coisas agregam valor e se tornam melhores. Ganhamos asas, os bibliotecários puderam se tornar Arquitetos da Informação, que legal né? Mais quem conhece mais um que pensa em ser tão dinâmico a ponto de ser considerado um Arquiteto da Informação? São várias batalhas. Em primeiro lugar, se luta para ganhar espaço. Ganhamos. Somos os profissionais da Informação. E em segundo lugar, somos “tão bons” que nem nos damos o trabalho de entender como tudo funciona. Isso realmente não existe. Mas enfim, cenas do próximo capítulo.

Ah, e para muitos que podem estar se questionando o porque da citação do topo, é simples, hoje é necessário gerar informação, não apenas absorver. Discutir é a melhor saída para construir um conceito, e o que é melhor, todo ambiente a nossa disposição é perfeito para escolhermos o que simplesmente nos interessa, não existe o certo ou o errado, existe o que nos interessa. Fica a dica.

BIBLIOTECONOMIA E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: breves relações transdisciplinares

O objetivo desse post é problematizar de acordo com os comentários, portanto, não só leiam, comentem… Quero dizer, todos nossos posts neh (rsrsrs)… Afinal vivemos à biblioteconomia nas nuvens, e precisamos da colaboração de todos. Sendo assim formaremos um espaço de discussão sobre nossa área e áreas afins.

Problematizo tal questão objetivando pensarmos um pouco mais quanto às relações dessas disciplinas supracitadas. Antes de tudo, vale mostrar alguns importantes conceitos[1] que servem para contextualização da discussão e até como fundamentos teóricos. Afinal como afirma minha ex-professora Lourdes, “a teoria surge de algo pré-existente, não do nada…”

Transdisciplinaridade: é uma abordagem científica que visa à unidade do conhecimento. Desta forma, procura estimular uma nova compreensão da realidade articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas, numa busca de compreensão da complexidade.

Biblioteconomia: Ciência que estuda a organização, disseminação e uso da informação, seja ela em qualquer suporte, de modo a atender as necessidades dos usuários.

Arquitetura da Informação: Uma metadisciplina que objetiva a resolução de casos teóricos e práticos relacionados à organização e disseminação da informação em ambientes digitais, de modo que sempre vise às necessidades informacionais.

São áreas que se “unem em alguns aspectos teóricos e aplicáveis”, ou seja, encontramos algumas questões em ambas as áreas, visto que tratam a informação como seu objeto de estudo (no campo da biblioteconomia há quem discorde disso), elas objetivam atender às necessidades dos usuários… Isso é muito importante para os Arquitetos da Informação, por favor, EVITE AS IDIOSSINCRASIAS, organizem e disseminem pro outros (usuários) não pra vocês. A partir disso, acredita-se que ambas as áreas utilizam-se de teorias sobre aspectos cognitivos do sujeito, para objetivando obter informações sobre características e perfil dos usuários.

Conforme escritos de Reis (2007), Dillon e Turnbull, Rosenfeld e Morville (2009) a AI se utiliza de aspectos teóricos de classificação da Biblioteconomia. Em contraponto, compreende-se que a AI surge durante a revolução tecnológica e científica, sendo mais enfático na borbulha da tecnologia, já a Biblioteconomia muito antes…

De acordo com o pesquisador Jèsus Bustamente a fase de Pesquisa na metodologia de projetos de arquitetura de informação precisa buscar técnicas voltadas a conhecer o usuário e as necessidades, ou seja, precisa de técnicas que sigam os paradigmas da abordagem alternativa dos estudos de usuários e necessidades da Ciência da Informação [e da Biblioteconomia].

Façam seus comentários… Agradecemos.

Fontes:

BUSTAMANTE, J. A arquitetura de informação do século XX ao XXI. 2004. Disponível em: . Acesso em: 22 mar. 2010.

DILLON, Andrew; TURNBULL, Don. Information architecture. Disponível em: > Acesso em: 16 fev. 2011.

REIS, Guilhermo Almeida dos. Centrando a arquitetura de informação no usuário. 2007b. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)–Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: . Acesso em: 5 maio 2010.

ROSENFELD, L.; MORVILLE, P. Information Architecture for the Word Wide Web. 3. ed. Sebastopol, CA: O’Reilly, 2006. Disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2009.

WIKIPÉDIA. Complexidade. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2011.

WIKIPÉDIA. Transdisciplinaridade. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2011.

Sugestões de Leituras:

AGNER, Luis. Ergodesign e arquitetura de informação: trabalhando com o usuário. 2. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2009.

MARINHO, Rafael; TONINI, Regina S. S. Arquitetura de Informação: desafios do profissional bibliotecário num emergente mercado. In.: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA EM INFORMAÇÃO – CINFORM, 9,. 2009, Bahia. Anais… Bahia: UFBA, 2009. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2011.

SILVA, Zayr C. G da. A arquitetura da informação de websites de bibliotecas universitárias: o caso da região nordeste. 2011. 95 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal de Alagoas, Curso de Biblioteconomia, 2011.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

RDA: um novo paradigma na catalogação

Autor:
Murilo Bastos da Cunha
Publicado no: Infohome. Data: maio de 2011.

Acaba de ser publicado um dos primeiros livros na língua portuguesa sobre a nova norma de catalogação denominada RDA (Recursos: Descrição e Acesso). Essa nova obra é de autoria de Chris Oliver, coordenadora de Catalogação da McGill University Library, em Montreal (Canadá), e tem como título Introdução à RDA: um guia básico (1) [Brasília: Briquet de Lemos, 2011. 153 p.]. A edição original em inglês foi publicada em 2010, pela American Library Association. Portanto, ambas as edições possuem conteúdos muito recentes.
Como se sabe a RDA está provocando uma enorme mudança na catalogação internacional desde a publicação da segunda edição do Código de catalogação anglo-americano – com edição brasileira publicada pela FEBAB em 1983 e em 2004, agora incorporando a revisão de 2002; também existe uma reimpressão, lançada em 2010 (2-4). Pensava-se que seria lançada uma nova edição do código de catalogação e que a sua nova sigla, continuando a longa tradição das versões anteriores, fosse AACR3. Além disso, essa nova edição certamente iria incluir as modificações geradas pelas atualizações ocorridas no formato MARC 21. Mas, a longa tradição de edições sucessivas do AACR foi quebrada e não teremos o AACR3!
Todavia, “apesar de manter uma forte relação com as AACR2, a RDA delas difere em muito, devido a ser baseada numa estrutura teórica, ter sido projetada para o ambiente digital e seu escopo ser mais abrangente do que o das AACR2” (p. 1). De fato, as normas da RDA são baseadas nos modelos conceituais do Functional Requirements for Bibliographical Records (FRBR, Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos) e do Functional Requirements for Authority Data (FRAD, Requisitos Funcionais para Dados de Autoridade), e incorporam um ponto de vista impensável anos atrás. Agora a estrutura da descrição bibliográfica inclui também o acesso à informação do objeto descrito como um todo.
O novo livro está composto por sete capítulos. O primeiro, intitulado “O que é a RDA?”, mostra a base teórica na qual a RDA foi baseada. A autora menciona que “a RDA consiste num conjunto de instruções práticas, que, no entanto, baseia-se numa estrutura teórica que define a forma, a estrutura e o conteúdo desta nova norma” (p. 1). Os dados RDA podem “ser codificados com o emprego de esquemas existentes, como o MARC21, Dublin Core, MODS e também podem ter correspondências estabelecidas com outros esquemas, atuais ou futuros. (...) os dados RDA também foram projetados para serem usados no ambiente da Rede e em novos tipos de estruturas de bases de dados. (...) A RDA pode ser utilizada para a descrição tanto de recursos tradicionais quanto não-tradicionais, analógicos e digitais, dentro e fora da biblioteca” (p. 3).
O segundo capítulo aborda as relações da RDA com as normas, modelos e princípios internacionais. Nele é apontado que a RDA “emprega os conceitos, a terminologia e os princípios reconhecidos pela comunidade internacional de catalogação. Baseia-se em tradições catalográficas existentes embora também se leve em conta a forma como os dados das bibliotecas serão usados no futuro. (...) A RDA foi desenvolvida para se encaixar na matriz de normas internacionais de descrição de recursos” (p. 8).
O terceiro capítulo comenta o FRBR e FRAD na RDA. Aí se afirma com detalhes que a RDA é de fato uma aplicação desses dois modelos conceituais. “Esses modelos moldaram a estrutura da RDA e influenciaram a linguagem empregada nas instruções” (p. 17). Um aspecto interessante é apontado pela autora: “os modelos FRBR e FRAD são modelos de entidade-relação. Foram desenvolvidos com o emprego de enfoque e metodologia semelhantes. O ponto de partida de ambos os modelos são os usuários e suas necessidades. (...) As necessidades do usuário são definidas em termos de tarefas de usuário. (...) Há quatro tarefas de usuário relativas ao uso de dados bibliográficos, e quatro relativas a dados de autoridade” (p. 19-20).
Continuando, a autora enfatiza que “o foco não está no catalogador que cria um único registro, mas no usuário que busca esse registro em grandes catálogos ou bases de dados” (p. 22). Mostra também que a RDA dá ênfase ao registro de relações.
O quarto capítulo explica que a RDA é a norma que substitui as AACR2, mas que coexiste uma continuidade entre ambas, a saber: a mesma estrutura de governança; a RDA foi construída sobre os mesmos alicerces das AACR2; muitas instruções foram derivadas das AACR2 e os novos registros catalográficos serão compatíveis com o antigo código de catalogação.
O quinto capítulo aborda as diferenças e similaridades existentes entre a RDA e o AACR2. Nessa parte da obra analisam-se os aspectos relacionados com a implantação da RDA. Nessa transição as associações profissionais, as escolas de biblioteconomia e o próprio profissional exercerão papéis primordiais para que essas mudanças sejam feitas de forma tranquila. Aqui vale a pena apontar um importante aspecto: para que as normas RDA sejam implantadas e largamente utilizadas no Brasil e nos outros países lusófonos elas precisam ser traduzidas com certa urgência. É quase certo que a barreira linguística pode ser um empecilho para a transição das normas das AACR2 para a RDA.
No último capítulo a autora comenta as vantagens, o presente e o futuro da RDA no contexto informacional. Ao finalizar ela aponta que “na medida em que os catalogadores forem construindo o corpo de dados RDA, os usuários começarão a notar as vantagens de uma norma que coloca suas necessidades no centro” (p. 130).
Com todo esse contexto das tecnologias da informação, especialmente a internet, ficou inevitável a demanda de novas normas de catalogação que pudessem descrever os novos objetos digitais. Assim, o universo bibliográfico fica agora atualizado e de posse de regras que finalmente poderão descrever esse contexto da informação digital surgido nos últimos quinze anos. As normas da RDA vêm dar ao bibliotecário e a outros profissionais de informação um moderno e prático instrumento imprescindível para o bom exercício profissional na área de catalogação nesse mundo digital.
O livro, portanto, é editado no momento certo. Ele pode servir como um prático e didático ponto de partida para os profissionais e estudantes nesse processo de transição ora iniciado.

Referências bibliográficas
(1) OLIVER, Chris. Introdução à RDA: um guia básico. Brasília: Briquet de Lemos, 2011. 153 p. ISBN 978-85-85637-45-3
(2) Código de catalogação anglo-americano. 2. ed. São Paulo: FEBAB, 1983. 2 v.
(3) Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed., revisão 2002 São Paulo: FEBAB; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 2 v. ISBN 8585024046
(4) Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed., revisão 2002, reimpressão. São Paulo: FEBAB, 2010. 2 v. ISBN 9788585024048

A Guerra do Livro

Autor: Arnaldo Niskier
Fonte: Folha de S. Paulo

Fala-se com insistência no oferecimento de cesta básica de livros para classes populares, mas questões institucionais precisam ser logo resolvidas.

Há controvérsias sobre a lei de direitos autorais, e muita gente está se manifestando sobre a matéria.

Em nossa opinião, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, acertou quando mandou recolher a versão do governo anterior, que já se encontrava na Casa Civil, para uma nova rodada de audiências públicas. Que mal há nisso?

Na Biblioteca Nacional, os interessados diretos aprofundaram o debate sobre o livro, a leitura e a literatura, buscando modernizar o setor, que não é tão precário assim. Apesar de ainda estarmos com um índice de leitura insuficiente (menos de dois livros por habitante ao ano), o Brasil ocupa a oitava posição entre os produtores de livro do mundo. A tendência é melhorar essa classificação, com a bem-sucedida medida de criação dos agentes de leitura, tarefa que é conduzida pela Fundação Biblioteca Nacional, presidida pelo especialista Galeno Amorim.

Um dos aspectos que chama nossa atenção: a avalanche de livros estrangeiros no mercado brasileiro, hoje mais apetitoso com a inserção, no mercado consumidor, de milhões de pessoas que agora integram a classe média.

Um outro aspecto se junta a isso, do ponto de vista industrial: vimos, na Feira Internacional de Bolonha (Itália), que há uma oferta desmesurada de gráficas internacionais, com preços baixos, como nos casos de Hong Kong, Colômbia e Chile.

Vamos assistir a esse efeito deletério da globalização em silêncio? Com dezenas de autores, livreiros, dirigentes de associações e interessados em geral, pudemos anotar o interesse do Ministério da Cultura pela manifestação objetiva de entidades, como a Câmara Brasileira do Livro e a Academia Brasileira de Letras, a respeito do que a cadeia produtiva do livro espera das autoridades sobre a intrincada questão dos direitos autorais.

Todos reconhecem que, com a existência da internet, a pirataria é uma triste realidade, mas que soluções são possíveis, no resguardo dos interesses envolvidos, sobretudo na defesa do patrimônio dos autores de obras.

Vai nascer a Biblioteca Digital, para oferecer acesso generalizado a obras literárias, virá a lei das biografias (como pediu o escritor Ruy Castro) e fala-se com insistência no oferecimento de uma cesta básica de livros para as classes populares, mas questões institucionais precisam ser logo resolvidas, para que não se construa um edifício sobre um terreno pantanoso e movediço.

ARNALDO NISKIER, doutor em educação, é professor universitário, membro da Academia Brasileira de Letras, presidente do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola) do Rio de Janeiro e autor de diversos livros, entre os quais "História da Educação Brasileira" (editora Altadena).